Metallica "Ride The Lightning"


Talvez este tenha sido um dos discos que mais escutei na vida, ao lado de alguns do Slayer. Entretanto, o Metallica de hoje em nada lembra este aqui, que em 1984 (25 incríveis anos atrás!) lançava este seu segundo álbum que se tornaria um dos grandes clássicos da música pesada mundial. É claro que tantos anos de diferença pesam na minha afirmação, apesar de que alguns (poucos, é verdade) grupos conseguiram passar os anos e manter seu som e sucesso intactos: AC/DC, Ramones, Rolling Stones e etc.. O restante, assim como o Metallica, passou por um processo que os músicos chamam como “evolutivo” e mudaram sua maneira de tocar. Apesar de tocar Metal, o Metallica hoje é uma banda famosíssima e que todo mundo conhece. Arenas lotadas, vídeos rolando direto nas programações de música de TV, milhões de discos vendidos e muita fama contrastam com o início de carreira no underground da Bay Área de São Francisco, onde tudo começou.

“Ride the Lightning” sucedeu “Kill Em All” de 83, que consolidou a fama do Metallica no circuito local e foi o ponto de partida para que a banda se tornasse conhecida no mundo todo. Na época, a banda executava um Thrash Metal cru e direto e começava a despontar com outros grandes nomes do estilo, como Slayer e Anthrax. Com o sucesso do primeiro álbum, a banda então tinha o desafio do 2º disco, mostrando que realmente tinha talento. Com isso, foram para a Dinamarca para as gravações de Ride The Lightning. Entraram no estúdio com um desafio, mas saíram de lá com um clássico, um dos maiores álbuns de metal até hoje.

O disco abre com a porrada absurda de “Fight Fire With Fire”, onde a banda toda toca a mil por hora, num estilo muito mais agressivo do que o apresentado em todo o Kill Em All. Nesta época, Lars Ulrich ainda era considerado um dos grandes bateras do estilo (anos depois isso mudaria...), e nesta faixa ele fez valer o título. Os bumbos duplos velocíssimos, combinados com os riffs de guitarra de Hetfield e Hammett simplesmente fizeram desta faixa um soco no estômago. Em seguida, aquela que uma das minhas preferidas, a faixa título. O ritmo cadenciado, amparado novamente por um Lars Ulrich brilhante, fez desta música algo que seria copiado milhões e milhões de vezes por outras bandas. A criatividade da banda, para a época, foi algo que fez escola. “For Whom The Bell Tolls” não é uma balada, mas é uma música tão bela, tão bem feita e com um ritmo tão contagiante, que mesmo quem curta Metal vai achar a música bacana. Aliás, esta musica até hoje conta no set list dos shows. Vale destacar também o sensacional riff de baixo de Cliff Burton (que só gravaria mais um disco com a banda e viria a falecer dois anos depois, num acidente de ônibus com a banda).“Fade to Black” é a balada do disco, e aqui a banda teve problemas. Não que a música seja ruim, pelo contrário, é a balada mais linda que a banda compôs até hoje, e que nunca conseguiu superar. Melodia soberba e letra idem (cortesia de um inspiradíssimo James Hetfield), também é tocada até hoje. Ocorre que, na época, isso não era normal em bandas de Thrash, e o Metallica recebeu muitas críticas por conta da ousadia. Entretanto, os anos mostraram que a banda saberia compor baladas com sentimento e não com oportunismo.

No vinil, “Trapped Under Ice” abria o lado B do disco, e seguia a mesma linha da faixa de abertura do álbum: porrada certeira, com um refrão muito legal. “Escape”, com um ritmo cadenciado e uma variação interessante no meio mantinham alto o nível do disco, realçando a criatividade e genialidade do grupo. Na seguida, outro clássico, também executado até hoje: “Creeping Death”. Nesta faixa, Hetfield mostra novamente uma letra genial, baseada nas pragas do Egito, mostrando que cultura e metal podem caminhar juntos. O refrão espetacular e o trecho executado num ritmo mais compassado no meio da música são fantásticos de se ouvir ao vivo. O disco fecha com a surpreendente instrumental “The Call of Ktulu”, com seus quase nove minutos de duração. Com isso, a banda mostrava muita maturidade, assumindo o risco de executar um número sem vocal e sem perder a qualidade. Ainda mais, mostraram ser exímios músicos, o que seria seu diferencial nos anos que se seguiriam e na evolução da banda.

Mesmo 25 anos depois, “Ride the Lightning” é uma obra prima e não ficou datado, sendo ainda referência para muitos dentro do estilo (as quase 6 milhões de cópias vendidas até hoje só nos EUA comprovam isso). Vale ressaltar que, na realidade, os 3 primeiros álbuns do Metallica são marcos dentro do Heavy Metal e serviram de referência para músicos e fãs em todo mundo. Infelizmente, a o Metallica de hoje perdeu toda a sua força dessa época, apesar de ainda ser uma boa banda ao vivo. Seu mais recente lançamento, “Death Magnetic” é bom, mas deve ser mantido longe deste “Ride the Lightning”, pois as diferenças são enormes. Para dizer a verdade, ele perde feio!!!

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