quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Rock in Rio 2013


Fim de Rock In Rio 2013! Entre mortos e feridos – sim, porque algumas coisas foram realmente ruins de matar – tivemos 2 dias dedicados à música pesada, o que foi muito bom. Eu diria que, mesmo com alguns equívocos, esta edição teve o melhor cast de Metal (sem contar 1985, é óbvio)  até hoje. Talvez o ineditismo de algumas atrações tenha tido maior impacto, mas a verdade é que o ecletismo obtido agradou a quase todos os fãs dos vários subgêneros em que o Metal se divide. Foi realmente gratificante ver Slayer, Metallica, Iron Maiden, Destruction, Krisiun, Helloween, Rob Zombie e Ghost juntos num festival que, apesar do Rock no nome, nunca achamos que chegaria a tanto. A presença de atrações mais underground realmente nos anima para o que possa vir nas edições futuras, tornando tudo ainda mais atraente para os fãs do bom e velho Rock n´Roll.


Individualmente, algumas coisas foram espetaculares, outras nem tanto, outras realmente ruins. Na minha humilde opinião, o festival foi assim:


O Slayer, para quem é fã (como eu) é algo que extravasa o conceito de banda, sendo quase uma entidade sobrenatural. Mesmo sem Jeff Hanneman que nos deixou recentemente e sem a lenda das baquetas Dave Lombardo, o Slayer mostrou porque ainda é uma banda respeitada na cena, mesmo com 30 anos de Thrash nas costas. Contando o lendário Gary Holt na guitarra e o novamente substituto de Lombardo, Paul Bostaph, a banda fez um set destruidor. Mesmo que isso soe ofensivo para alguns, mil vezes melhor que o Metallica... Sobre este último, já dediquei um post só para eles, visto tratar-se de um caso especial e um mistério para mim...


O nosso bom e velho Maiden veio pela 3ª vez! Não há muito o que falar, pois mesmo com as reclamações que já estamos habituados a fazer sobre os set lists da banda, onde ela deveria ter tirado isso e colocado aquilo, o show é espetacular. Mesmo cinquentona/sessentona, a banda ainda arrasa no palco e toca maravilhosamente bem, isso sem falar no show cenográfico que sempre surpreende a todos. Nota 10 e pronto.


O Ghost é uma banda que tem dividido opiniões e eu particulamente gosto muito. Os caras não inventaram a roda, o som não é novo, mas agradável, cativante e somado ao Marketing da banda, chama a atenção. Só acho que o show do grupo, sua apresentação em si, não funcione em grandes arenas, sendo mais eficaz em lugares menores. Foi o que houve aqui, com o grande distanciamento do público e banda não proporcionando a quem não conhecia a real ideia da proposta do grupo.  Respeito quem não gostou – realmente não é fácil assimilar de cara aquele show extremamente parado – mas particularmente achei sensacional.

O grunge passou e poucos sobreviveram: o Alice in Chains que o diga, mesmo porque seu vocalista original, Layne Stanley, já passou dessa para melhor. Trocadilhos de humor negro à parte, a banda se manteve e continua na estrada até hoje. Não é muito minha praia, acho deprê demais, mas algumas músicas são muito boas como Would, Angry Chair, Man in the Box e outras mais. Tem seu público e foi uma boa escolha.

O Avenged Sevenfold tem mais ou menos 14 anos de estrada, sendo uma banda nova e com moderno, bem ao gosto da molecada de hoje. Não conheço quase nada e o pouco que vi me parece meio indefinido, pois os caras não sabem se são rápidos ou mais lentos, mais pesados ou mais melódicos, enfim: a garotada curtiu, mas eu, nem tanto. Teria sido mais interessante ter visto na fase com Mike Portnoy (ex-Dream Theater) nas baquetas.


Falar o quê do Sepultura (ou Zépultura, como andaram falando ao longo do festival)? O que falar de uma banda que acha a 8ª maravilha do mundo pegar “Vida de Gado” ( clássico da MPB), botar uma base pesada no fundo e o pobre do Zé Ramalho que se vire pra cantar? É claro que ele não o fez obrigado, mas desde que o Sr. Andreas Kisser botou na cabeça de que é um músico “plural”, parcerias estapafúrdias como essa se tornaram rotineiras. Uma pena, pois desde que criaram a expressão “viúvas do Max”, a gente não pode dizer que a banda nunca mais fez nada que preste e que hoje é pateticamente ruim. Assim sendo, não vou dizer nada disso.


Destruction e Krisiun detonaram o palco Sunset com o que há melhor no Underground: O thrash dos anos 80 e o Death Metal, ainda que na sua vertente mais moderna, tocado na velocidade da luz. Foi fora do comum ver a intro de “Curse the Gods” echoar nos PA´s, com a banda entrando em seguida, com a mesma postura de estar tocando num Wacken, onde a banda é sempre presente. Set maravilhoso, até mesmo nas composições mais recentes. Junto do Krisiun, tocaram “Black Metal” do Venom e a fudidíssima “Total Desaster”. Surreal!


André Matos e o Viper fizeram bons shows, primeiro André com sua carreira solo, acrescido de sons do Angra e Shaman, depois o Viper, com sons apenas do 2º álbum “Theatre of Fate” e do “Evolution” (fase sem André nos vocais). Como disse, bons shows, nada mais. Na minha opinião, essa onda de saudosismo não funciona com certas bandas, e para mim, não sei a razão, o Viper é uma delas.


Helloween com Kay Hansen prometia ser algo mágico, mas não foi por duas razões: a primeira, Andy Deris ainda teima em (tentar) cantar o material de Michael Kiske. Simplemente não entendo como alguém não chega para ele e diz que não funciona e pronto. Se querem um exemplo apenas, basta checar os minutos finais de “I Want Out” e ver que aqueles pulmões quase explodiram... A segunda razão é que chamaram Kay Hansen para tocar guitarra apenas , ao passo que se ele pegasse o microfone do Andi Deris (para ele respirar um pouco até) e cantasse “Victims of Fate” ou “Gorgar”, seria perfeito!  De saldo, apenas as músicas mais recentes da banda, que dão para o gasto e Andi não morre ao tentar cantá-las.

Dr. Sin é uma banda guerreira. Tão guerreira, mas tão guerreira, que só falta alguém avisar a eles que eles tem de ganhar também, e não só lutar. Não me levem a mal, conheço pouquíssimas músicas dos caras e não estou dizendo que eles são ruins, mas o fato é que eles estão aí há anos e não chegaram a lugar nenhum... É uma pena, mas é assim que vejo a carreira deles. Pelo menos chegaram no RIR e mandaram ver. Pelo menos os 5 minutos que assisti....

E aí chegamos ao Kiara Rocks... Uma polêmica tremenda envolveu a banda antes e após sua apresentação no festival, mesmo porque ninguém sabia que diabo era isso, e daí a coisa piorou quando se soube que diabos eles eram... Vamos por partes: o fato da banda ser nova (3 albuns apenas), brasileira e desconhecida do grande público não é crime algum. Pelo menos da parte deles, mas sim de quem os escala em um palco principal, antes do Slayer. Soube-se depois do dedo (podre) da Sra Monika Cavalera (ex- Igor Cavalera), que empresaria os caras e conseguiu “encaixá-los” na grade do festival. Isso só tira a credibilidade da proposta do RIR, que prima pelo “jabá” em detrimento do bom senso. Rob Zombie teria sido uma escolha trinta e cinco milhões de vez melhor, mas optou-se em colocá-la no placo Sunset , enquanto os criminosos do Kiara Rocks burlavam a lei no palco mundo... Lembro a todos que o Glória, que fez o mesmo papel na edição de 2011, também estava sob a batuta da referida empresária...


Com relação aos covers, uma verdade tem de ser dita: se o Metallica abrisse o seu show com “Am I Evil?” do Diamond Head, todo mundo ia gostar, não é? A única diferença é que o Metallica é uma mega banda e pode fazer o que quiser da vida, já o nosso KR... Agora, se você só tem 3 discos que ninguém ouviu e ganha a chance de tocar num RIR com transmissão nacional, vai começar mostrando que conhece Motorhead? É claro que não!!! Mas o pior de tudo foi chamar Paul Di’Anno ao palco para cantar cover do Iron Maiden no dia do show do... Iron Maiden! Era o mesmo que escrever naquele telão imenso atrás do palco “POR FAVOR, GOSTEM DA GENTE”. Patético até dizer chega... Ah, quase me esqueço: o material próprio da banda também é uma merda mesmo.