Faith No More "Angel Dust"


O Faith No More foi um caso curioso na música de modo geral: fez um sucesso gigantesco com um disco (que é muito bom realmente), conseguiu lançar um melhor ainda, mas que não manteve a fama e o sucesso conseguidos. Curioso, não? É claro que todos conhecem o FNM pelos hits “Epic”, que teve o famoso vídeo do peixinho, e por “Falling To Pieces”, com sua inconfundível introdução de baixo. O disco em questão, “The Real Thing”, foi lançado em 1989 e foi um sucesso mundial. Entretanto, o disco seguinte, “Angel Dust”, é que pode ser considerado uma obra prima do Rock, independente do estilo, e que curiosamente não teve o mesmo retorno comercial do seu antecessor. Aliás, a razão disso possa ser o grande trunfo que a banda tinha: ser irrotulável, tamanha a gama de influências e experimentos no som. A mudança de direcionamento em “Angel Dust” foi suficiente para afastar quem só curtia a banda por causa da “Epic”, com o experimentalismo jogando a banda de volta ao underground, embora ainda continuasse grande em alguns lugares.

Lançado em 1992, “Angel Dust” é composto de 12 faixas, com alguns bônus incluídos nas versões seguintes, como “Midnight Cowboy” e “Easy” (Versão do grande sucesso dos Commodores). Abrindo com “Land of Sunshine”, a banda já mostra a tônica do álbum, com muito peso e melodias muito bem combinadas. A banda se mostra bem entrosada e Mike Patton mostra que realmente é um excelente cantor, administrando muito bem os momentos mais calmos com os mais pesados, numa versatilidade incrível. A banda também se mostra bem entrosada, ainda que o clima interno não fosse tão bom, o que culminou com a saída do guitarrista Jim Martin no álbum seguinte.

Voltando ao disco, temos faixas sensacionais como a já citada “Land of Sunshine”, “Caffeine”, “Midlife Crisis”, Kindergarten”, “Be Aggressive” (espetacular, a melhor do disco), “A Small Victory” e a balada (?) “RV”, onde Patton explora bem seus vocais. Na área de esquisitices, temos “Malpractice” e “Jizzlober”, onde as idéias são realmente mais loucas. De um modo geral, “Angel Dust” mostrou um Faith No More mais pesado e sombrio, mas ainda acessível, com uma dosagem exata nos ingredientes que fizeram a banda conhecida. Fica difícil entender porque um disco tão bom não decolou, mas temos de lembrar que grande parte do sucesso que a banda fez pelo mundo, inclusive no Brasil, foi por conta de 2 ou 3 músicas que caíram no gosto do público, que necessariamente não conhecia e não acompanhava a banda e que muito menos curtia Metal. O fator comercial conta muito e com certeza a banda não se preocupou com isso quando fez este disco, tamanha a sua honestidade em oferecer um sonoridade pesada e diferenciada ao mesmo tempo.

Depois deste disco, a banda ainda lançou mais dois álbuns, “King For a Day... Fool For a Lifetime” (1995) e “Álbum of The Year” (ambos sem a inspiração de outrora) e encerrou suas atividades. Entretanto, quem quiser conhecer a banda ao vivo, pode recorrer ao álbum “Live at Brixton Academy” de 1990, que também saiu em vídeo – não tenho certeza se em DVD, pelo menos aqui no Brasil – e é simplesmente espetacular, pois traz a banda e Mike Patton em uma das suas mais alucinadas performances.

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