quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Time is Money! Time is Metal!

1º Ponto: Quando Jeff Hanneman faleceu em 2013, ainda houve gente que ficasse consternada pelo fato da banda não haver acabado ali mesmo: afinal de contas, a formação original havia perdido um membro, e mais: um dos principais compositores. Entretanto, bandas são empresas – queiram os fãs ou não – e compromissos previamente assumidos devem ser cumpridos. Com isso, não demorou para a banda se reestruturar e continuar com Gary Holt assumindo as seis cordas ao lado de Kerry King. Partindo desse conceito, também se conclui que o Slayer e as bandas de um modo geral, assim como as empresas, representam empregos e dinheiro envolvido. E como se diz no meio empresarial, “tempo é dinheiro!”, o que justifica a rapidez em resolver qualquer questão que represente a paralisação das atividades. 

2º Ponto: Com a Nervosa não foi diferente, uma vez que a banda passou por uma ruptura na formação, onde 2/3 da banda saíram para fundar um novo grupo. E detalhe: em meio a pandemia que parou o mundo. O que parecia ser algo inesperado e de difícil solução a curto prazo, teve resposta do que restou da banda – a fundadora Prika Amaral – mostrando que não era o fim do mundo, ou melhor, da banda. Em pouco menos de seis meses, a Nervosa se reestruturou como um quarteto, já lançou 2 clipes/singles e em Janeiro do ano que vem lança o novo álbum, que já está finalizado. Ficou claro que a situação interna que culminou no racha já vinha se desenhando há algum tempo e que a ruptura não foi surpresa para as envolvidas. Mais do que isso, já havia plano B em andamento, na expectativa apenas do inevitável.

 

3º Ponto: Respondendo a um comentário feito no Instagram da Fernanda Lira por um fã, a pessoa me questionou a certa altura, quando mencionei que a Crypta havia ficado para trás ao não apresentar material novo até o momento: “No entanto, existe algum tipo de competição?"

Colocados estes 3 pontos iniciais, o quero demonstrar é que ainda existe uma certa ingenuidade e até romantismo dos fãs com relação às bandas, fazendo com que eles não enxerguem as entre linhas de certas situações. O questionamento sobre a existência de competição mostra uma linha de raciocínio pura: as bandas são diferentes e apesar da ligação entre elas pela Nervosa como trio, cada uma tem seu tempo e não existe a necessidade de mostrar serviço “para ontem”. Ledo engano, pois essa necessidade existe sim, assim como uma competição velada, que ninguém vai admitir, mas que ninguém quer perder. O caso da Nervosa é excelente para corroborar esta afirmativa pelo simples fato de que Prika não só já reformou a banda, mas também mostrou um resultado muito, mas muito acima do que o Nervosa com Fernanda e Luana havia conseguido até então.

   

É óbvio que vão haver comparações: os fãs e todos que ouvirem as duas bandas, assim que possível for, vão falar que uma é melhor, mais pesada, mais lenta, mais Death e menos Thrash, mais Thrash e menos Death e por aí vai. O que acontece é que quem ouvia a Nervosa, vai fazer do som antigo com o novo. Ao já mostrar um material aos fãs, mesmo que na forma de duas músicas apenas, conseguiu deixar todos de boca aberta. Já tive a oportunidade de ver vários “reacts” no YouTube (Ok, isso não quer dizer nada, concordo) e curiosamente todos foram unânimes em elogiar a faixa “Guided By Evil”, a primeira a ser lançada. Realmente a música é muito, mas muito boa, causando uma ótima primeira impressão e uma grande expectativa pelo álbum. A segunda “Perpetual Chaos”, faixa título do álbum, foi lançada hoje, e só pude ouvir uma vez. Mesmo assim, me pareceu ser outra pedrada muito boa. 

Comercialmente isso é muito importante. Primeiramente, porque a gravadora enxergará como certa a opção de manter a banda no cast. Isso representa investimento em divulgação e provavelmente em suporte para turnês que devem surgir. Este é o segundo ponto: todo mundo vai querer ver a banda em ação, mesmo porque a Nervosa sempre foi uma banda de estrada. Por fim, os planos de divulgação do making of do álbum via internet serve para manter a curiosidade das pessoas, despertada pelo clip, até que o álbum saia finalmente.

Nesse meio tempo, a Crypta vai entrar em estúdio apenas em janeiro, o que deve acarretar o lançamento do debut apenas para o fim do primeiro semestre do ano que vem, mais ou menos. Nada impede que a banda também surpreenda e mostre um excelente trabalho. Fica claro que Prika manteve o contrato que já existia e a estrutura da gravadora, o que justificaria em parte a agilidade ao reformar a banda. Entretanto, a mesma Napalm Records contratou a Crypta, mantendo de maneira previsível até, as duas bandas no seu cast. A verdade é que podemos ter agora duas excelentes bandas, embora eu esteja com mais curiosidade pelo álbum do Nervosa (se ele faz juz aos singles até agora) do pela Crypta que, infelizmente, ainda não tem nada para mostrar. 

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