segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

METALEIRO

Se você tem bom humor e não é radical, pode rir com esse vídeo, que já nasceu clássico!!!! Tente passar imune ao nome da banda e a música que eles tocam, que é hilária!!!

sábado, 24 de dezembro de 2016

Resenha: Metallica - "Hardwired... to Self-Destruct"


Ao que parece, o Metallica quis justificar a longa espera desde o lançamento de “Death Magnetic” (2008), ao lançar, após 8 anos (!), não apenas um disco, mas um álbum duplo com 12 composições e quase 80 minutos de material inédito. Vários fatores que vão além da longa espera tornam este lançamento mais significativo ainda, como por exemplo os diversos formatos em que ele foi lançado (edições diferenciadas), o forte Marketing envolvendo seu lançamento e o uso massivo da Internet – vide o fato de que cada uma das 12 músicas teve um clipe lançado(!) no YouTube.  Não é preciso nem dizer esse Marketing todo deu resultados e o disco já aparece bem colocado em vários charts mundo afora. Afinal de contas, o Metallica já deixou o underground há muito tempo, navegando hoje em águas onde somente grandes bandas, como U2 e Iron Maiden, ousam flutuar. Mas, e o disco? Justifica o alvoroço?

A banda numa pose extremamente "underground"

Não é preciso nem dizer que os combates sangrentos entre fãs e “haters” já começou na Internet: uma parte adorou, dizendo que o Metallica renasceu e trouxe consigo a aura dos primeiros álbuns; outros alegam que se trata de mais do mesmo, que a banda não tem mais pegada e por aí vai. Lars Ulrich é um detalhe à parte, com uns exaltando sua performance, outros criticando até não poder mais. Antes de dar minha opinião, deixo claro que concordo os dois lados, não por ser indeciso, mas porque ambos estão certos. O Metallica de hoje não é o fundo do poço, mas também não é o salvador da pátria. Aliás, ninguém do Big Four, para dar um exemplo de impacto, é mais como era antigamente. O tempo passou, a idade chegou com pesos diferentes para cada um, e o direcionamento das bandas também sofreu mudanças. Ainda que lançando bons trabalhos, nenhum deles repetirá a inovação e o frescor de sua música da mesma maneira que nos 80´s. Com isso, novos trabalhos podem sim ser relevantes, impactantes, mas não inventarão a roda novamente. E é isso que também ocorre com o novo do Metallica.

Antes de mais nada, este novo álbum padece do mesmo problema dos “Load´s”: álbum de estúdio duplo – sim os dois “Loads” seriam sim um álbum duplo - mas a gravadora barrou a ideia na época, fazendo com que os lançamentos fossem simples e separados. Sábia decisão, pois a combinação muitas músicas + muito tempo de duração = qualidade irregular. É claro que existem lançamentos que refutam essa minha afirmação, mas a maioria se dá mal quando adota esta tática... Quem sabe apreciar os “Load´s” (como eu, admito) há de concordar que os dois discos, se unificados com as melhores músicas, dariam um puta disco, mesmo com a pegada mais Rock n´Roll não muito comum à banda. Com isso, “Hardwired...” também é longo demais e em vez de doze, se daria muito bem com menos faixas, condensadas em menos tempo. De cara, pelo menos 4 faixas desse trabalho são perfeitamente descartáveis. Antes que você, caro leitor, me xingue, permita-me apenas levantar uma questão crucial para reflexão: preste atenção se algumas faixas não estão calcadas na pegada dos “Load´s”, os discos que, atrás somente do “St. Anger”, são os mais execrados da banda...

Mas vejamos:
Das excelentes, 4 saltam aos olhos:  “Hardwired...”, “Spit out the Bone”, “Here Comes Revenge” e “Murder One”. As duas primeiras obviamente pela pegada mais Thrash e mais saudosista. O detalhe é que elas só não são melhores ainda por que Lars Ulrich está lá sentado naquele banquinho da bateria, mas falo mais sobre isso mais a frente. “Here Comes Revenge” é mais cadenciada e sensacional, com um riff espetacular e um refrão muitíssimo bem encaixado. O único porém é a marcação de bateria de Lars no início da música que é igual, igual a “Lepper Messiah”(autoplágio?). Curiosamente, também achei o melhor clip entre os doze feitos. “Murder One”, também com ritmo mais arrastado, fecha os quatro momentos espetaculares do disco. Vale salientar que o clip desta presta uma bela homenagem ao grande Lemmy.

Nos bons momentos, temos “Now That We´re dead” e “Moth Into Flame”. A primeira destaca-se pela intro diferente, sem Lars fazendo as mesmíssimas marcações na caixa, mas como disse, falarei do ruinzinho, quer dizer, baixinho mais para a frente. A faixa tem um estilo Load/Reload e o solo é bem bacana (uma raridade no álbum...) A segunda mostra a  busca do Metallica por refrões de impacto, como conseguido no Black Album. Nesta faixa em especial, foi que ficou legal, além da alternância de cadência e partes rápidas, com resultado satisfatório.

Metade do disco é bacana, mas a outra... “Atlas, Rise!” e “Confusion” são regulares. “Confusion”, em particular, é mais um caso - talvez poucos tenham percebido - de autoplágio. Neste caso, “Cyanide” do “Death Magnetic”. A estrutura da música é a mesma, com os versos em cima de uma base cadenciada, calcada num riff bem destacado (que aqui é legal até), mas que muda no refrão. Não precisa muito para se perceber a semelhança das músicas. A diferença que o refrão de “Cyanide” é bacana, mas o daqui é bem chatinho.

As quatro restantes são realmente fraquíssimas: “Halo on Fire” tem outro autoplágio (!), pois na qualidade de ser a semi-balada do disco, puxa o riff do meio de outra semi balada, “The Day That Never Comes” do “Death Magnetic”. Ouça e me diga se não são irmãs. Em tempo, esta aqui também tem refrão chato. A trinca “Am I Savage”, “Dream no More” (linha vocal horrível) e “ManUnkind” tem forte apelo Load/Reload, mas lembram o material ruim daqueles discos. Aliás, novamente digo: chega a ser curioso como parte das músicas deste disco tem influência de um material passado da banda que foi e até hoje é criticado, mas que aqui ganharem elogios...
    
Já mencionei que Lars não ajuda muito, certo? E não ajuda mesmo, uma vez que sua criatividade e uso de recursos são limitados, tornando as músicas previsíveis e pouco interessantes neste aspecto. Quer um exemplo: 1/3 das músicas deste álbum começam com marcações de caixa, e não é de hoje que ele faz isso com frequência. Quer outro? Não há uma música sequer em que ele faça uso do Ride, ou prato de condução. Para quem não sabe o que é, ouça a última vez em que ele fez isso em “Until It Sleeps”, do “Load”. Outra coisa: não espere encontrar em nenhum lugar destes 80 minutos, viradas de bateria que te deixem de queixo caído...


No fim das contas, é muito mais que um St. Anger, melhor gravado do que um “Death Magnetic”, mas não chega aos pés de um Kill Em´All”. Se você gostar do CD todo, ok. Se não, o bom dos dias de hoje é que você pode ter as músicas separadas (ITunes ou YouTube, por exemplo), pois aí você pega as melhores. Em qualquer opção, não será dinheiro ou tempo jogado fora, mas definitivamente não é o investimento num clássico ser lembrado por gerações futuras.