Dave Mustaine é uma figura intrigante. Nascido David Scott Mustaine em 13 de Setembro de 1961, Dave iniciou carreira no embrião do Metallica, sendo expulso da banda antes do lançamento do lendário Kill Em´All e fundando o hoje mundialmente famoso Megadeth. Claro que isso é uma maneira simplista de enxergar a carreira de Mustaine e sua contribuição para o Metal, mas é o suficiente para levantar aqui o que me faz achá-lo intrigante: como pode alguém que fez o que Mustaine fez achar-se um perdedor? Montar uma banda do nada - em meio a vícios de drogas e álcool – fazê-la durar 26 anos e ter 20 milhões de discos vendidos no mundo todo, na minha opinião é algo notável, mas não para ele. Isso porque ele ainda acha que deveria ter continuado no Metallica...
A sua participação no Metallica foi polêmica em todos os sentidos, e de certo modo continuasendo até hoje. Pessoalmente, Mustaine era um mau elemento, podendo-se dizer que (em pequena escala) chegou até a traficar drogas. Além do vício, as bebedeiras homéricas o tornavam uma pessoa mais difícil do que já era, o que acabou resultando na sua expulsão da banda. Segundo a história, Mustaine foi colocado bêbado num ônibus e mandado embora. Musicalmente, Mustaine contribuiu para o material dos álbuns “Kill Em All” (4 músicas) e “Ride the Lightning” (2 músicas), embora até hoje seja motivo de polêmica entre fãs do Megadeth e Metallica o seu grau de envolvimento nestas canções e sua representatividade no início do grupo. Particulamente, não acredito que tenha sido tão grande assim, uma vez que a história mostrou que Metallica e Megadeth têm estilos absolutamente distintos.
Com a expulsão, Mustaine jurou vingança e montou o Megadeth . Como acontece com as maiorias da banda de Thrash, a crueza do início foi dando lugar a um som lapidado e mais trabalhado, mas nem por isso menos pesado. Se basicamente o Metallica tem 3 clássicos absolutos (que são o sustentáculo de sua importância e grande respeito no meio musical até hoje), mas com alguns discos mais fracos e até equívocos completos (“St Anger”), o Megadeth conseguiu uma regularidade impressionante. Além de ter lançado mais álbuns do que o Metallica (11 contra 9 de Hetfield e Cia), teve apenas um álbum realmente fraco (“Risk” de 1999) e conseguiu dois clássicos absolutos (“Rust in Peace” de 1990 e “Countdown to Extinction” de 1992). Ou seja, enquanto o Metallica tinha crisesexistenciais, o Megadeth continuava forte e lançando bons discos. E mais: Mustaine se mostrou um músico tão bom quanto James Hetfield, criando riffs tão inesquecíveis quanto os do vocalista do Metallica.
Mas com um histórico tão fantástico, que incluiu até o abandono das drogas e da bebida, como posso afirmar que Mustaine se ressente até hoje, ao invés de se sentir vingado? Dois episódios recentes mostram isso. O primeiro, o depoimento quase choroso de Mustaine no documentário “Some Kind of Monster”, que mostrou a banda criando o pavoroso álbum
“St Anger”. No filme, Mustaine conversa com Lars Ulrich (Hetfield estava internado numa clínica de reabilitação – uma ironia do destino – o que Dave explora muito bem). No papo, Mustaine cita que ainda ouve provocações na rua de pessoas gritando “Metallica!” e que ele não gosta disso, além de se incomodar em ver o Metallica transformar em ouro em tudo que toca e que ele não conseguiu isso (?). Outro fato foi a recente indicação do Metallica para o Rock n´Roll Hall of Fame, para onde foi convidado pela banda a comparecer, mas não a ser premiado (Jason Newsted foi convidado, premiado e ainda tocou com a banda). Segundo Ulrich, Jason foi convidado por haver gravado álbuns com a banda, ao passo que Mustaine não o fez. Apesar de não haver comparecido ao evento por conta de uma turnê européia, Mustaine manifestou que gostaria de ter sido agraciado junto com a banda.
Posto isso tudo, não entendo como um cara como Dave Mustaine pode ficar suspirando por uma banda de estrelas, que foi o que se tornou o Metallica. O sucesso e a fama conseguidos após o Black Álbum colocou o Metallica numa órbita diferente, e acentuou a decadência da banda de tal modo que hoje, mesmo com o retorno com o bom “Death Magnetic”, não a faz ter a mesma importância para mim. De um modo geral, o Megadeth teve mais consistência nos seus lançamentos, principalmente de 1990 a 1998, onde teve uma da suas formações mais esmagadoras (Mustaine, Ellefson, Friedman e Menza), e que batia o Metallica de lavada. Resta esperar agora pelo novo CD do Megadeth e pela próxima lamentação de Dave Mustaine...
Bem, nunca achei o Megadeth uma grande merda, mas tb nunca fui um grande fã da banda (por isso mesmo, não sei quase nada da carreira deles), mas vc não acha o Peace Sells... um clássico tb?!
ResponderExcluirInteressante esse texto. Não sabia que ele se ressentia até hoje de ter sido saído do Merdallica. Com esse currículo, só posso chegar a conclusão que o ressentimento dele é em relação ao nome que o Metallica tem junto a grande mídia, que o Megadeth não tem, não vejo outra coisa.
D.
Eu acho que Dave deveria parar com isso, eu dou graças a Deus ele ter saido do metallica porque se não, não existiria o megadeth (que pra mim supera metallica)só por que tem menos percussão na mídia não significa que uma coisa é menos boa
ResponderExcluire acho que outros albuns além desses que citou podem ser considerados clássicos do megadeth