quinta-feira, 18 de abril de 2024

TOP 100 - AS 100 MELHORES MÚSICAS DO METAL - PARTE 6

Napalm Death / “The World Keeps Turning” / Album “Utopia Banished” – Esta música representa de maneira perfeita a fase iniciada no álbum anterior, em que a banda se afastou do Grindcore que a lançou na cena e caiu de cabeça no Death Metal, em alta na década de 90. Com um início cadenciado maravilhoso, e depois com o aumento gradual da velocidade até um patamar estonteante, esta faixa mostra que a banda tinha muito potencial e se mostraria um dos baluartes do estilo extremo de Metal. Destaque para os vocais absurdos de Barney Greenway, na minha opinião um dos melhores vocalistas guturais no cenário mundial até hoje.

Destruction / “Total Desaster” / EP “Sentence of Death” – Faixa de abertura do EP de estréia, que para época em que foi lançado (1984), foi algo simplesmente avassalador. Ainda que Slayer e Metallica já fossem nomes conhecidos, a brutalidade do Destruction surpreendeu e esta música foi o cartão de visitas para o Thrash brutal da banda. “Total Desaster” é uma faixa rápida do início fim, com um riff sensacional (era só o início do show que o guitarrista Mike daria ao longo da carreira da banda...) e os vocais únicos do baixista Schmier. É uma porrada na orelha até nos dias de hoje!

After Forever / “Monolith of Doubt” / Album “Decipher” – O hoje extinto After Forever surgiu na leva de bandas de Metal Sinfônico + vocais femininos/operísticos, no fim da década de 90. Apesar de haver encerrado as atividades, a banda da belíssima (e talentosa) vocalista Floor Jansen (hoje no Nightwish) deixou este verdadeiro hino do estilo. Com um verdadeiro show de Floor, que transita com facilidade entre os vocais naturais e os líricos, somada as mudanças de andamentos sensacionais, esta faixa é uma verdadeira aula do que era esse estilo tão em voga na época.

Nuclear Assault / “The Plague” / EP “The Plague” – Apesar do Nuclear Assault injetar com maestria no seu Thrash Metal doses do Hardcore Novaiorquino, esta faixa distoa um pouco do seu estilo, mas de maneira magistral. Com a parte lírica focada em guerras nucleares, “The Plague” é cadenciada e pesada, retratando um cenário pós apocalíptico. O ritmo é bem bacana e arrastado, com alguns momentos acústicos e um refrão muito bem encaixado. Casamento perfeito entre a temática sombria da letra e o clima lúgubre da música.

Quiet Riot / “Cum On Feel The Noise” / Album “Metal Health” – Esse é um daqueles casos de “É um cover mas parece que a música é minha!”. Você pega para fazer um cover e a sua versão fica muito melhor que o original, dando a sensação de que a música é sua, e não da outra banda... Não que a versão original do Slade seja ruim , mas esta aqui do QR se tornou um megaclássico, pois ganhou peso  e a pegada característica do Heavy Metal dos anos 80: refrão maravilhoso para cantar junto, bateria pesada, solo sensacional, impossível não gostar!

Exodus / “Black List” / Album “Tempo of the Damned” – Seria muito óbvio colocar aqui qualquer faixa do clássico “Bonded by Blood”, mas o Exodus tem sim material de qualidade depois desse disco, pode acreditar. Esta faixa, presente no retorno de Zetro Souza aos vocais da banda depois de sua saída em 1992, mostra o quão sensacional o Exodus sempre foi matador em faixas mais cadenciadas. Aliás, talvez esta seja uma das melhores música neste estilo dentro do Thrash Metal, com um riff matador, solos sensacionais e ainda por cima aquele refrão no final com um coro, bem típico do Thrash Americano e que a banda sempre souber fazer muito bem.

Saxon / “Crusader” / Album “Crusader” – Confesso que não sou um fã e profundo conhecedor de Saxon, mas sei o suficiente para reconhecer o valor e a importância da banda dentro do Heavy Metal mundial. Entranto, sempre considerei “Crusader” um hino, num daqueles casos em que a faixa é épica, com letra e o espírito da música casando perfeitamente e um refrão maravilhoso. O clima da música é tão envolvente que você se sente numa batalha, em meio às Cruzadas! Outro detalhe sensacional são as incursões narradas durante a execução, que são de arrepiar!

Ramones / “Poison Heart” / Album “Mondo Bizarro” – Um erro muito comum no meio metálico é considerar Ramones e AC/DC bandas que tocam sempre a mesma coisa, disco após disco. Nada mais injusto, e esta faixa do Ramones mostra a musicalidade da banda, apesar de manter o estilo clássico que os consagrou com uma certa melodia. Impressionante como os vocais de Joey Ramone conseguiam transitar (e agradar!) tanto nas música mais rápidas, quanto nas mais “pop”, digamos assim. Destaque para o belíssimo refrão, muito bonito! 1,2,3,4!

Testament / “Nobody´s Fault” / Album “The New Order” – Outra faixa na categoria “É um cover mas parece que a música é minha!”. Impressionante o que a banda conseguiu com esta gravação do Aerosmith (sim, bandas de Thrash nos anos 80 olhavam sim para os sons do passado!), dando a ela um andamento um pouco mais acelerado - na medida certa - e aumentando o peso. Os vocais de Chuck Billy casaram perfeitamente com a canção e a banda se supera na execução. Destaque também para o vídeo clipe, muito bem humorado ao mostrar a banda tentando tocar chegar show e executar a música.

Luca Turilli / “The Ancient Forest of Elves” / Album “King of the Nordic Twilight” – Na década de 90 houve uma explosão do Power Metal, com bandas como Rhapsody explorando ao máximo a temática “Capa e Espada” e o “sinfonismo” ao extremo no som. Luca Turilli era o comandante das 6 seis cordas no Rhapsody e mostra nesta faixa do seu primeiro album solo que também sabia se virar sozinho. Música simplesmente épica, grandiosa, com vocais e um refrão absurdos, mostra de maneira sensacional todos os elementos do estilo. Depois de algumas audições, você já se pega empunhando uma espada imaginária e cantando o refrão...

terça-feira, 2 de abril de 2024

O Fim do Sepultura

No final do ano passado todo mundo foi pego de surpresa pelo anúncio do fim do Sepultura, que seria precedido por uma turnê mundial em 2024/2025. Como já estamos em Abril e a tour já até começou, não vou revisar aqui este histórico, uma vez que todo mundo já está careca de saber os motivos alegados. Além disso, todo mundo também já soube da (turbulenta) saída do baterista Eloy Casagrande, que alegando compromisso/oportunidade inadiáveis, foi embora abruptamente antes mesmo do início dos ensaios. Os rumores - ainda não confirmados até o momento – dão como certa a ida dele para o Slipknot. A conferir.

O que gostaria de comentar aqui sobre esse assunto seria a resposta a uma pergunta um tanto quanto cruel: o Sepultura fará falta? Antes que me chamem de “Viúva do Max”, ressalto que uma análise realista precisa ser feita na carreira da banda e, sim, principalmente após a saída do Max e a entrada de Derrick Green. Não basta reclamar por reclamar, mas creio que os fatos mostram que a banda só existiu até hoje por conta do passado glorioso, ainda que uma geração nova de fãs tenha aderido ao som do grupo. Porém, a verdade é que só esse repertório não sustentou a banda na estrada, ainda que sua discografia tenha sido profílica desde os idos de 1998, quando o álbum “Against”, primeiro da nova fase, veio ao mundo.

Confesso que por diversas vezes tentei ouvir a banda nessa nova versão, mas infelizmente nunca consegui. Não adianta: a voz do Derrick - na minha humilde opinião - não casa de jeito nenhum com o estilo da banda e tampouco com o material antigo. Que a banda não quisesse um clone do Max, tudo bem. Mas sempre achei que o fato das bandas procurarem vocalistas diferentes (ou muito diferentes, em alguns casos) pura birra, pois isso acaba sendo um tiro no pé, e para o Sepultura definitivamente o foi. Para citar dois exemplos bem sucedidos, era só olhar o Accept ou para o Queensryche, que perderam vocalistas icônicos e hoje mandam muito bem com músicos competentes e exatamente iguais aos seus antecessores. Seja sincero: você que lê estas mal traçadas linhas, já viu alguém por aí reclamando que o Mark Tornillo não é igual ao Udo? Ou que o Todd La Torre não canta “Queen of the Reich” igual ao Geoff Tate?

A mudança de voz trouxe consequência negativa direta para os shows. Um vocalista com uma voz que não agrada em estúdio não vai nunca conseguir milagres ao vivo, e daí músicas novas e antigas se juntam num mesmo balaio de gatos onde tudo fica prejudicado. Além disso, a insistência do Andreas em não ter uma segunda guitarra deixa o som incompleto, embora esse não seja o maior dos problemas. A verdade é que os lançamentos em estúdio nunca me cativaram, e do material ao vivo sempre passei longe, simplesmente porque nunca enxerguei qualidade.

Passados 28 anos da saída do Max, sempre me perguntei ao longo desse tempo se a banda sobreviveria apenas com o material novo, sem recorrer ao antigo. Sempre achei que não, embora a banda tenha uma nova geração de fãs, repito. Mas sempre tive a percepção de que a platéia que ia assistir a banda sempre teve uma parcela significativa de fãs “old school”, ansiosos pelo material do “Roots” para trás. Para ilustrar meu pensamento, achei melhor fazer uma análise no set list da banda para essa turnê de despedida, vendo a proporção das fases antiga e atual nele. Tomei por base o show em BH no Arena Hall, em 1º de março desse ano, e constatei o seguinte: das 22 músicas tocadas, 13 eram da fase antiga, com 9 da fase Derrick. Por mais fãs que a banda tenha angariado, é impossível não revisar o passado.

O Sepultura fará falta? Na minha opinião, já faz há muito tempo (por essa você não esperava, certo?). O Sepultura é uma instituição nacional, um dos maiores nomes da cena musical do Brasil e com uma representatividade enorme no exterior, mais até do que aqui. A partir do momento em que a banda se dividiu todos perderam, músicos e fãs. O Sepultura tomou o rumo que todos conhecemos, optando por uma mudança de curso. Max, por sua vez, optou em mais do mesmo, elevando o estilo adotado no “Roots” a um flerte descarado com o New Metal. Basta relembrar que ambos tiveram discos de estréia bem desastrosos, levando um bom tempo para que ambos conseguissem se encontrar e apresentar material superior aos seus debuts. O fato do Sepultura ter diminuído de tamanho após a saída do Max e passado muito tempo fora do grande circuito, inclusive internacionalmente, foi muito prejudicial para a carreira do Sepultura. O Wacken, por exemplo, só viu a banda em 2011, 13 anos depois do debut com Derrick. Ainda que a formação com Max nunca tenha tocado lá, foi muito tempo sem uma oportunidade para uma banda tão importante como eles, ainda mais por se tratar de um festival cuja busca de novidades no cast é incessante.

Em tempo: como era de esperar, a despedida da banda já gerou expectativa de retorno dos irmãos Cavalera, o que sempre foi esperado e cogitado exaustivamente desde que cada um deles saiu da banda.