Muito se fala na importância de álbuns de estréia, principalmente quando estes se tornam clássicos. Muitas bandas até conseguiram (e ainda conseguem) que os álbuns seguintes também sejam adorados, mas muito me incomoda que pouco se fala, especificamente, daqueles álbuns que sucederam os discos de estréia, mesmo sendo igualmente ou ainda mais brilhantes. Para reparar esta falha imperdoável dentro da literatura metálica mundial, listo aqui 10 “segundos” álbuns tão ou mais devastadores que seus antecessores. Considerarei apenas os álbuns completos, sem contar eventuais lançamentos de EP´s entre eles. Além disso, não há ordem de importância ou ranking, apenas 10 discos obrigatórios para você ouvir – conhecendo ou não – assim que terminar de ler estas linhas!
1º) “Hell Awaits” – Slayer
Chega a ser assombrosa a diferença que “Hell Awaits” consegue
estampar se comparado com “Show No Mercy”. Este assombro só não é maior porque
a banda havia dado um aperitivo do que viria no EP “Haunting the Chapel”,
lançado entre os dois. Mesmo assim, é impressionante o nível de brutalidade,
velocidade e técnica que a banda conseguiu imprimir neste disco. O massacre
começa com aquela que é uma das introduções mais fudidas já feitas dentro do
Heavy Metal (faixa título) e segue sem piedade ao longo de músicas matadoras
como “Kill Again”, “Praise of Death” e “Necrophiliac”. Simplesmente essencial
em qualquer discografia que se preze.
2º) “Pleasure To Kill” – Kreator
Outro que impressiona pela evolução, principalmente porque o
debut “Endless Pain” já era impressionantemente brutal e, de certo modo,
inovador. Pena que aqui se encerrou a divisão igualitária de vocais entre Mille
e Ventor, que justiça seja feita, foi feita de maneira soberba de novo. As
faixas que cada um pegou para cantar são perfeitas: particularmente sempre
curti muito mais os vocais do Ventor, mais brutais e intensos. Mas todas as
faixas são perfeitas, com meus destaques para “Death is Your Savior”
(maravilhosa), “Riot of Violence” e “The Pestilence”. Se não tem, compre agora!
3º) “Eternal Devastation” – Destruction
O Destruction iniciou sua discografia com um EP (“Sentence
of Death”), que não levarei em consideração, embora a evolução da banda para o
seu debut “Infernal Overkill” seja igualmente impressionante. Entretanto,
“Eternal Devastation” elevou a banda a outro patamar, com músicas icônicas
dentro do Thrash Metal mundial. Não bastasse isso, a produção do álbum – embora
não seja um primor, fruto das condições da época – foi ímpar e conseguiu
imprimir uma atmosfera única ao disco, grande parte ao timbre de guitarra matador
de Mike. Basta ouvir a sensacional “Curse the Gods” para entender o que quero
dizer. Depois que entender, ouça o restante!
Na minha opinião este álbum tem peso dobrado nesta
avaliação, não só pela diferença frente ao estreante “Kill Em` All”, mas também
pelo fato (na minha humilde opinião) de que este não é essa maravilha
insuperável e imbatível que muitos dizem... Para mim, foi “Ride The Lightning” que mostrou ao
mundo que o Metallica era sim uma banda diferenciada, mesmo com um belíssimo
disco de Thrash Metal, superior em todos os sentidos ao primeiro. O que não
dizer de “Fight Fire With Fire”, com sua velocidade estonteante? Ou “Ride the
Lightning”, com sua cadência rítmica matadora? Isso sem mencionar “Fade to
Black” e “Creeping Death”, fechando a questão. Essencial demais na coleção.
5º) “The Force” – Onslaught
Este é um dos casos de mudança da água para o vinho, mesmo
porque alterações bem vindas na formação ajudaram esta transformação. A entrada do vocalista
Sy Keeler e algumas trocas de instrumentos na formação que gravou o debut “Power from
Hell” permitiram que um time coeso desse a luz a um álbum destruidor e mais
técnico que o disco de estréia. As faixas ficaram mais longas, mais rápidas e
são simplesmente maravilhosas. “Let
There be Death” (introdução antológica!), “Fight with The Beast” e “Metal
Forces” não me deixam mentir!
Nesta lista este é o disco mais injustiçado de todos, não
recebendo a atenção e o valor que merece até hoje. Lançado em 1987, em meio
aquela safra maravilhosa do Thrash Metal mundial, acabou passando batido, mesmo sendo um
discos mais espetaculares do estilo. Embora seja uma evolução do seu antecessor
(“Riders of Doom”), a banda conseguiu uma produção melhor e músicas matadoras,
baseadas numa banda coesa e talentosa. Destaque para o peso da bateria na
gravação, o que simplesmente deixou as músicas ainda mais marcantes. Dúvida
disso? Ouça “Pledge to Die”, “Dragon`s Blood” (que música!) ou “Beyond the
Light”. Para quem curte Thrash Metal porrada, mas muitíssimo bem tocado. Imperdível!
Outro que sofreu efeito (benéfico) de mudanças na formação e se transformou. Joey Belladonna estréia na banda num disco muito superior ao primeirão “Fistfull of Metal”, que tem músicas boas – alguns classícos até – mas que se assemelha ao “Kill Em` All” do Metallica em termos de crueza. Além dos vocais de Belladonna muito bem encaixados no som da banda, a maior variação das músicas se mostrou essencial para o sucesso desse álbum, apesar de carta diminuição da velocidade. Mesmo assim, sons como “A.I.R.”, “Madhouse”, “The Enemy” são fantásticos, embora ainda haja pedreiras como “Gung Ho” para quem curte velocidade.
8º) “Symphonies of Sickness” – Carcass
O tenebroso Carcass não se contentou em assombrar o mundo
com o seu debut “Reek of Putrefaction”, com o segundo ato na forma deste “Symphonies
of Sickness”. Como o primeiro se baseava numa produção (?) extremamente tosca
que deixou quase tudo inaudível, o segundo álbum ganhou uma produção melhor,
possibilitando à banda mostrar sua proposta, ainda que ela continuasse tosca e
totalmente gore nas letras e na parte gráfica. Mas ficou claro que os músicos,
mesmo em meio aquele caos “Splatter Gore”, eram talentosos e conseguiram um
disco muito mais consistente. Faixas como “Reek of Putrefaction”, "Exhume to Consume" e
"Excoriating Abdominal Emanation", além dos belíssimos títulos (me
perdoem, mas não deu para evitar) mostraram uma banda afiadíssima, com uma
performance um degrau acima do debut.
9º) “Leprosy” – Death
O Death é um caso curioso, pois o debut “Scream Bloody Gore”
foi tão impactante e tão influente na cena Death Metal mundial que era impossível
imaginar como a banda viria no álbum seguinte. A expectativa era a das
melhores, mas como garantir que a banda iria se superar? Que dirá lançar outro clássico
absoluto, e mais, que continuaria ditando as regras do estilo. Como o Death na
realidade era a mente brilhante de Chuck Schuldiner (R.I.P.), a nova formação
não foi o fator determinante para o assombro que foi “Leprosy”, embora não
possamos desconsiderar os talentos individuais. “Leprosy” foi muito além do
debut, com todas as suas 8 faixas simplesmente se tornando hinos clássicos do
Death Metal. Mandatório em qualquer coleção.
10º) “Darkness Descends” – Dark Angel