Simplesmente o melhor vídeo de 2018!!!! A música nova do Ghost, "Rats", é o primeiro single do novo album "Prequelle", que sai agora dia 01/06. Se o album for 1/3 dessa música, será fantástico!!!
domingo, 13 de maio de 2018
Resenha: "Eonian" Dimmu Borgir
Com o lançamento do novo álbum do Dimmu Borgir, “Eonian”, é
possível avaliar agora qual a proposta real da banda, frente a dois singles que
não foram nada animadores. A grande questão é: o disco é ruim? Se ruindade for
sinônimo de chatice, sim, o disco é muito ruim...
Acho que toda banda tem direito a uma derrapada, é natural.
São seres humanos atrás da produção musical, e que têm todo direito de errar. E
parando para pensar bem, todo mundo, até os grandes, já tiveram deslizes em
suas trajetórias: Slayer, Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, Ozzy Osbourne,
Anthrax e etc. O detalhe é quando um deslize se transforma numa nova direção
musical, com uma proposta diferente da original. Nesse caso, o que acontece na
maioria das vezes é que novos fãs surgem, enquanto muitos abandonam o barco
insatisfeitos com os novos rumos. No caso do Dimmu Borgir, “Eonian” representa
não só o deslize pontual, mas também consolida uma mudança gradual no som da
banda que vem se desenrolando já alguns anos. Se o próximo álbum vier na mesma
linha, aí é hora de ligar o alerta vermelho.
Vi um comentário na internet muito perspicaz e que faz muito
sentido, se pararmos para analisar a evolução da banda e entender como este
novo álbum pode ser um ponto de ruptura: os dois primeiros álbuns (“For All
Tid” e “Stormblast”) representaram a era Black Metal tradicional; os três
seguintes (“Enthrone Darkness Triumphant”, “Spiritual Black Dimensions” e
Puritanical Euphoric Misanthropia”) representaram a era dos teclados; os três
últimos (“Death Cult Armageddon”, “In Sorte Diaboli” e “Abrahadabra”) a fase
sinfônica, com ênfase nas orquestrações. Uma evolução “sadia” até aqui, que
manteve o peso constante, apesar da presença crescente das orquestrações. Ao
meu ver, “Eonian” representa um ponto negativo nessa curva até então ascendente.
Não farei comentários faixa a faixa, pois o álbum é
equilibrado (isso não foi um elogio) e todas as músicas padecem do mesmo mal. Mas
antes de falar do álbum em si, gostaria de registrar que o Dimmu Borgir foi a
primeira banda que vi na vida a soltar dois singles com as duas músicas mais
fracas de um novo lançamento. Só não foi um tiro no pé porque o disco como um
todo não empolga, servindo apenas para criar polêmica antes do álbum, e não
para aumentar a expectativa. Talvez tenham sido escolhidas por conterem
elementos mais atípicos ao som da banda, numa tentativa de antecipar uma nova
linha musical.
“Eonian”tem basicamente dois grandes problemas: 1) As
músicas são fracas, sem força, sem peso, sem inspiração. Não falo nem da pouca
presença de Blast Beats – não é só disso que o Black Metal da banda se
caracteriza - mas do clima que o DB sempre soube imprimir em suas músicas,
fosse elas rápidas ou cadenciadas. Tampouco se trata de falar que o material
antigo era melhor (ok, realmente é), mas de perceber que faltou inspiração e as
músicas ficaram muito apagadas. Para não falar em perda total, o disco tem bons
momentos isolados nas músicas, mas não a ponto de salvá-las. Juntando as partes
realmente legais, talvez tivéssemos uma ou duas músicas fodas. 2) O uso abusivo
de corais e orquestrações, ainda que a estrutura das músicas seja mais simples.
Apesar de parecer um contrassenso, fica fácil imaginar: pegue o Satyricon do
álbum “Diabolical Now” e recheie de coros e samples de orquestra. É assim que o
álbum soa, com uma estrutura musical mais simples e com uma cobertura enjoativa
de grandiosidade sinfônica. Todas as músicas basicamente têm isso, suprimindo a
todo momento determinadas partes instrumentais que eventualmente poderiam dar
um fôlego às músicas. Não foi à toa que os comentários de “Nightwish do
Inferno” surgiram e, convenhamos, se encaixaram como uma luva... A coisa ficou
tão “over”, que alguns momentos chegam a ser “alegres” e distoam brutalmente da
proposta que estamos acostumados a ver no Dimmu Borgir, nem de longe lembrando
o clima soturno que esse recurso dava ao som da banda.
O resultado final fica muito aquém do esperado e com certeza
vai desapontar muita gente. Apesar de comentários positivos na Internet
baseados no argumento de “evolução musical” e na crítica “quem não gostou está
preso ao passado e quer ver a banda fazendo sempre a mesma coisa”, acho que o
DB abrandou seu som, se tornou um pouco mais “comercial”: as investidas ultra sinfônicas
e novas influências tendem a ampliar o espectro de fãs, pois torna o Black
Metal deles mais “digerível”. Ainda que toda a comunicação visual e marketing
do disco sejam agressivos, trata-se de uma realidade cada vez mais distante de
bandas como Marduk e Dark Funeral, por exemplo.
Apesar de tudo, não acredito que mesmo com todas as críticas, haverá algum dano sério a carreira do DB, pelo menos por
enquanto. A banda vai começar a turnê do disco e obviamente os grandes
clássicos que todo mundo gosta estarão lá nos shows, apenas entrecortados por 3
ou 4 músicas novas que obrigatoriamente terão de ser executadas. Agora, um novo
álbum com mais experimentos, mais “Nightwish” e menos inspiração pode começar a
afugentar os fãs, incluindo este que vos escreve.
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